Até então candidato à reeleição, o senador será o herdeiro do espólio eleitoral do pai, inelegível até 2060 depois de ser condenado por golpe de Estado
BRASÍLIA – Cinco dias após a rusga pública com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) assumiu, nesta sexta-feira (5/12), a pré-candidatura à Presidência da República em 2026. Preso na superintendência regional da Polícia Federal (PF) em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível até 2060.
Flávio afirmou que o pai lhe escolheu. “É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, disse, no X, o senador, que visitou Bolsonaro na carceragem da PF na última terça-feira (2/12).
Até então pré-candidato à reeleição, o senador tornou a pré-candidatura presidencial pública após o colunista do jornal “Metrópoles” Paulo Cappelli revelar a opção de Bolsonaro por ungir um membro da família. Para ex-presidente, Flávio ganhará musculatura quanto antes se comportar como pré-candidato à Presidência da República em agendas por todo o Brasil.
Segundo o senador, “ninguém aguenta mais” o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Eu não posso, e não vou, me conformar ao ver o nosso país caminhar por um tempo de instabilidade, insegurança e desânimo. Eu não vou ficar de braços cruzados enquanto vejo a esperança das famílias sendo apagada e nossa democracia sucumbindo”, apontou.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que chegou a insinuar uma pré-candidatura à Presidência da República, endossou o anúncio do irmão. “O senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, será candidato à presidência nas eleições de outubro de 2026”, compartilhou, no X, em inglês.
Logo depois do anúncio de Flávio, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, confirmou a indicação do senador. “Flávio me disse que o nosso capitão confirmou sua pré-candidatura. Então, se Bolsonaro falou, está falado! Seguiremos juntos, trabalhando com responsabilidade e compromisso com o Brasil”, disse, em nota à imprensa.
Flávio assumiu a pré-candidatura após ele e os irmãos entrarem em rota de colisão com Michelle pelo espólio eleitoral de Bolsonaro. No último domingo (30/11), quando participava do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo do Ceará, a ex-primeira-dama criticou a aproximação entre o PL e o também pré-candidato Ciro Gomes (PSDB).
Como Bolsonaro deu aval à aproximação, Flávio, então, acusou publicamente Michelle de passar por cima do ex-presidente. “A Michelle atropelou o presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes (PL-CE) no Ceará. E a forma como ela se dirigiu a ele, talvez nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora”, questionou.
No dia seguinte, quando visitou o pai na PF, Flávio pôs panos quentes e disse ter se desculpado com Michelle. “Falei para ele (Bolsonaro) que já me resolvi com a Michelle. Pedi desculpas a ela, ela também. (…) Lá no Ceará, assim como em outros estados, não tem decisão tomada. Isso vai ser conversado entre a gente para o presidente Bolsonaro tomar a decisão final”, minimizou.
Desde a prisão preventiva de Bolsonaro no último dia 22, Flávio tem assumido o protagonismo da família. Em reunião no mesmo dia com senadores e deputados federais do PL, o senador e o vereador do Rio de Janeiro (RJ) Carlos Bolsonaro (PL) enfatizaram que a família, a partir dali, concentraria quaisquer manifestações em nome do ex-presidente.
Fonte: Gabriel Ferreira Borges- Jornal o tempo
