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Morta em hotel no ES médica mandou foto para amiga em abril com ferimento na testa

Juliana Pimentas Ruas El Aouar foi encontrada morta em um quarto de hotel em Colatina. O marido, Fuvio Luziano Serafim e o motorista foram presos em flagrante por feminicídio e homicídio.

Siderson Vitorino, advogado da família da médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, que foi morta em um quarto de hotel em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo no sábado (2), disse que está trabalhando com provas que mostram que Juliana estava vivendo um relacionamento abusivo com Fuvio Luziano Serafim, e que estava tentando se separar há cerca de três anos. Uma das provas, segundo o advogado, seria uma foto que a vítima compartilhou com uma amiga com a testa ferida.

Fuvio de 44 anos e o motorista Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, foram presos suspeitos de matar a médica e tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva pela Justiça do Espírito Santo nesta segunda-feira (4).

g1 tentou contato com o advogado dos presos, mas não conseguiu nenhum retorno até a última publicação desta reportagem.

Acusação

Nesta terça-feira (5), o advogado Siderson Vitorino disse ao g1 que está juntando provas que mostram que o relacionamento entre Juliana e Fuvio era abusivo e que os dois viviam discutindo.

“Ela falava que discutiam muito e que queria separar e que ele não deixava. Uma amiga já vinha percebendo episódios que ela aparecia roxa, com machucados, até que ela mandou essa foto mas disse que não podia falar do que se tratava, mas a amiga desconfiou que eram agressões”, contou Siderson.

A foto foi enviada para a amiga em abril deste ano e mostra a testa com uma série de pontos de um corte. Mas, segundo o advogado, Juliana nunca dizia que esses machucados eram em função do relacionamento com o marido.

A amiga relatou ainda que Juliana só falava que os dois estavam discutindo muito e que ela queria se separar há três anos, mas que Fuvio não deixava. Os dois estavam casados há 5 anos.

Em entrevista a Inter TV dos Vales, o pai da médica, Samir Sagi El-Aouar, relatou que a filha já vinha sendo agredida outras vezes antes de ser assassinada.

“Ele já vinha batendo nela algumas vezes, dizendo que ela tinha caído dentro de casa, todo dia um olho roxo, uma cicatriz de sete centímetros na região frontal. Tudo isso já vinha acontecendo e ela querendo sair do casamento, e ele ameaçando para ela não sair, ele não aceitava a separação”, explicou Samir.

O pai comentou durante uma entrevista ao programa Encontro desta terça-feira (5) que a filha e Fuvio tinham ido para Colatina para realizar uma consulta com um urologista. Samir também contou sobre como Juliana foi encontrada.

“Nós estamos arrasados, pensar que uma filha, de 39 anos de idade, médica psiquiátrica, com o futuro todo pela frente, uma filha maravilhosa, um amor de pessoa, de repente, é submetida a uma tortura, porque o aconteceu com ela foi tortura durante a noite toda. Houve taumatismo cranioencefálico em dois locais da cabeça, machucou o estômago, a traqueia e o esôfago dela, enfim, minha filha foi torturada até a morte. Mais um feminicídio neste pais, que eu espero, que se Deus quiser, não vai ficar impune”, desabafou o médico.

Juliana e Fuvio moravam na cidade mineira Teófilo Otoni, mas estavam hospedados no hotel em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. No quarto ao lado, estava o motorista do casal. Fuvio é ex-prefeito da cidade de Catuji, em Minas Gerais, por dois mandatos consecutivos. O primeiro, em 2012, recebeu 4.051 votos. No segundo, em 2016, 3.286.

Fuvio e Robson seguem presos no Centro de Detenção Provisória de Colatina (CDP).

Juliana Pimenta Ruas El Aouar foi encontrada morta na manhã de sábado (2) em um quarto de hotel de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, onde o casal estava hospedado.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, o cenário encontrado pelos peritos foi o quarto toda revirado, sangue nas roupas de cama e a médica toda machucada.

Consta ainda no documento que os peritos encontraram vidros de remédios quebrados e a janela do quarto onde o casal estava aberta, o que levou os profissionais a verificaram se se havia sido jogado para fora do espaço.

Os peritos encontraram, então, um medicamento de uso controlado, indicado como agente anestésico único para procedimentos cirúrgicos e diagnósticos que não necessitem de relaxamento muscular esquelético. O produtos estava no estacionamento do hotel, exatamente embaixo do quarto do casal.

No atestado de óbito da médica, as causas da morte apontadas são:

  • Hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue)
  • Asfixia mecânica
  • Broncoaspiração (entrada de substâncias estranhas, tais como alimentos e saliva, na via respiratória)
  • Traumatismo cranioencefálico (lesão física ao tecido cerebral que, temporária ou permanentemente, incapacita a função cerebral)
Segundo a Polícia Militar, uma equipe foi acionada para verificar a informação de que teria acontecido um homicídio nas dependências do hotel. Quando os policiais chegaram ao local, o gerente do estabelecimento disse aos militares que havia uma hóspede em um quarto com o marido e, em outro quarto, estava o motorista do casal.

Ainda de acordo com o relato aos policiais, o gerente do hotel disse que, durante a madrugada, outros hóspedes reclamaram de barulho e bagunça no quarto do casal. Já pela manhã, Fuvio compareceu à recepção do estabelecimento, bastante alterado, querendo pagar a conta, alegando que a esposa estava passando mal e teria desmaiado. Neste momento, foi feito contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou o óbito no local.

Por Viviane Lopes, g1 ES

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