O suspeito foi preso na manhã dessa terça-feira (21); em 21 de dezembro, o veículo que transportava um bloco de granito colidiu com um ônibus, causando a morte de 39 pessoas
Exames indicam que o motorista da carreta bitrem que provocou o grave acidente na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, no interior de Minas Gerais, estava sob efeito álcool, drogas ilícitas e medicamentos no dia da colisão. A informação é da perícia da Polícia Civil, em coletiva de imprensa, na manhã desta quarta-feira (22). Ontem (21), o motorista foi preso no Espírito Santo.
Em 21 de dezembro, o veículo dirigido por ele transportava um bloco de granito, que se desprendeu e colidiu com um ônibus, causando a morte de 39 pessoas — entre adultos e crianças. Essa foi a maior tragédia em uma rodovia federal desde 2008.
Ele se apresentou às autoridades, após o acidente, em 23 de dezembro, e teve a urina coletada para a realização dos exames. Neles, ficou evidenciado o consumo das substâncias.
“O motorista permitiu voluntariamente a coleta de sangue e urina em Teófilo Otoni. Esse material foi transportado para o Laboratório de Toxicologia do IML de Belo Horizonte. Lá, foram utilizados equipamentos de última geração, sendo detectada a presença de substâncias lícitas e ilícitas incompatíveis com a direção veicular”, disse o médico-legista Thales Bittencourt.
Ainda segundo Thales, depois disso, a mostra foi encaminhada de avião para Campinas, onde os exames foram repetidos e confirmaram o primeiro resultado. Foram encontrados antidepressivos e ansiolíticos — Venlafaxina e Alprazolam.
O médico-legista ainda explicou como o exame feito dois dias após o acidente aponta para o efeito no momento do ocorrido: “Os exames toxicológicos são feitos a partir da doutrina da literatura técnico-científica. Então, há curvas de eliminação para cada substância pelo corpo humano. Isso significa haver uma janela de eliminação. Sendo assim, algumas substâncias encontradas nessa janela vão muito para trás do momento dos fatos — chegando até a 10 dias antes do momento do evento. Isso permite à PC dizer, com segurança técnica, com segurança científica, que, no momento do evento, a pessoa usou determinadas substâncias.”
Thales explicou, ainda, como as drogas atuam no corpo humano: “As substâncias podem trazer efeitos variados. As substâncias lícitas, no caso do Alprazolam, ele é um ansiolítico. Ele é um sedativo e pode trazer sonolência. Já as outras substâncias, no caso da cocaína e do ecstasy, habitualmente, atuam como estimulantes. Eles deixam a pessoa mais alerta até certo ponto, mas, também, podem prejudicar os reflexos”, finalizou.