De acordo com ministro Wellington Dias, que cumpre agenda em BH, famílias serão retiradas do cadastro

Cerca de 3 milhões de pessoas com renda entre R$ 10 mil e R$ 20 mil mensais recebem o Bolsa Família de forma irregular e devem ser retiradas do cadastro, de acordo com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT-PI).

O ministro cumpre agendas em Belo Horizonte nesta segunda-feira (21), onde se reuniu com o prefeito, Fuad Noman e o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB). Em discurso na sede do Legislativo, Wellington Dias disse que há pessoas que falsificaram documentos e que até tem negócio próprio para receber o benefício de pouco mais de R$ 600 mensais – em média.

“Na atualização nós estamos tirando 3 milhões de usuários com renda que vão de R$ 10 mil a R$ 20 mil por mês. E outras pessoas que falsificaram, deram declaração que não tinham renda, mas quando fomos conferir eram donos de mercado, enfim…”, explicou o ministro.

Ainda de acordo com ele, o ministério também identificou outros tipos de fraude, como o cadastro de mais membros da mesma família para conseguir ampliar o benefício para um valor de R$ 2.500 mensais por núcleo familiar.

“A regra é muito clara. O Bolsa Família não é só transferência de renda, ele é tudo aquilo que garante cidadania”, afirmou.

Em abril deste ano, o secretário nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social, André Quintão (PT), confirmou à Itatiaia, que a pasta já havia cortado o benefício de 1,5 milhão de pessoas que, apesar de não terem o direito legal ao auxílio, estavam recebendo o pagamento irregularmente.

A retirada dessas famílias do cadastro do programa se deu a partir de cruzamentos de bases de dados da Receita Federal e da Previdência Social, o que permitiu que houvesse uma melhor destinação dos recursos do programa.

Em entrevista exclusiva à Itatiaia, na manhã desta segunda-feira (21), Wellington Dias comentou as especulações em torno da sua demissão do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Há expectativa de que a pasta seja dividida para comportar o apoio de partidos do Centrão, como Republicanos e o PP.

“Quem decide é o presidente. É um ministério estratégico. O presidente é o líder de causas, é mais preparado do que eu, mas há um plano em andamento e o presidente não fará a divisão deste projeto”, avaliou.

Ele também disse entender a “necessidade” de garantir “estabilidade para o governo”.

“Tenho uma estrada na política, já conheço algumas necessidades, já fui governador sei da importância daquilo que se coloca como estabilidade para o governo. No caso, é estabilidade para o país. Essa estabilidade política quer dizer uma condição fundamental entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O presidente Lula foi eleito com minoria no Congresso. Na Câmara, o número ainda não é de maioria. Daí nasce a necessidade de um diálogo e de uma construção. Cabe ao presidente a decisão. Há um fato concreto que ele já me comunicou: não vai haver divisão de ministério”, completou o ministro.

Por Lucas Pavanelli, Edson Costa

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